domingo, 4 de julho de 2010

Ser feito de concreto

De manhã cedo
ando pela cidade
como quem carrega um soro.
Pesado fado de quem está vivo.

Primeiros raios de sol
e não vejo o belo,
enxergo, sim, o opaco,
poluído horizonte do destino
de viver no concreto,
que trago no pulmão encardido.

Corre em meu sangue apenas fumaça.
Vivo como quem morre,
mas esquece ou não sabe.
E vaga maldizendo a sorte
de quem não encontra
verdadeira, certeira morte.

Sofro ao olhar para o lado
e reconhecer a doença
que mata por parasitose.

Vivendo em seu leito de morte,
faltando-me o ar da arte,
maldigo-a, oh! oportunista cidade.

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