quinta-feira, 29 de julho de 2010

Doença

Não entendo o que se passa

Mas, no entanto não deixa de passar
Talvez seja apenas uma farsa
Que insiste em figurar

Mesmo assim ouso falar
Ouso contar o que sinto
Ouso gritar minha doença

Que não sara
Que não é rara
Que me faz torpe


Em vão poucos escreveram longos discursos para posteridade
E sem notar a si, todos acataram e cantaram as palavras vazias

O que era sensível,
O que era idéia,
O que era apenas palavratório
Fixou-se no espaço e nos concentrou o tempo

Paramos de pensar de fato
Passamos a correr pela mente caduca e humana
Pesados, cheios do fardo meditativo

Não basta mais viver é preciso mais!

É necessário o constructo imperativo que nos regula
É preciso deixar a matéria de lado e se chafurdar na lama intelectiva

Enquanto os santos nos ditam a imoralidade dos costumes
E os ascetas isolam-se em um mundo metafísico e impalpável
De tamanha consciência hiperbólica

E os brilhantes oradores do Ser rezam-se


O vegetativo senso comum é que possui mais bom senso:
Utilizar, desgastar o fruto de nossas próprias quimeras até o máximo
Até o fim, até o píncaro!

Quando não pudermos mais... Cairemos fartos e amargurados de nos mesmos
Cantaremos os salmos da boa nova
E nos sentiremos plenos de consumação
Saberemo-nos doentes de almas santas
De corpo são e purificado

Saberemo-nos doentes, meditativos e intactiveis
Saberemo-nos doentes , lotados de gozos e fartos de desejos
Saberemo-nos doentes

Por fim, faremos Filosofia.
Por sermos doentes de corpo e alma
Com a alma pura e o corpo são
Por sentirmo-nos mais doentes do que somos de fato.

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