sábado, 22 de outubro de 2011

Alça-vela


Sobre proa de barco,
onde ave-avoua,
segue ritmo de mar.
Em balanço mestrado de mar,
o natural homem em contato com o mundo;
sente o mundo
sente o mar
sem ter o mar.

O ridículo é o homem
buromecânico, sem pulso.
Sem íntimo, sem profundo; ...
sem saber que está em mundo.
Logo sem (m)ar!

Sequer, quer; e
Se quer, nem sabe o quê/por quê?
Quer?!
(...)
soluça
e compra.

Ridículo é o homem
Que vê na TV
A vida passar como cheque avulso
Sem valor e em branco;
Inútil!
é o papel de omisso.

Todos corroboram uma sociedade que ninguém quer,
da qual ninguém gosta;
não mais alguns toleram.
É dever não acomodar-se,
Não acostumar-se à poltrona,
Não curtir domingo!

É preciso ver que há.
Mais do que dinheiro,
sonho é mais que acumular.
Natureza é para dialogar.
É preciso reconhecer que há
de sentir o mar com calma
e, sem ânsia,
é preciso subverter o sonho para o além do mercado.

É para agora, alçar vela.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fuga

Só fugi duas vezes na minha vida
Uma quando nasci
E outra quando vivi
E tive que viver
Mesmo assim
Baloiçando
De um extremo ao outro
Com medo da queda
E da subida
Não entrando
Pra não ver saída
Desconhecendo
A despedida
Das relações
Não cometidas.
Cheguei longe
Pra não estar perto
Mas, de surpresa
Fui descoberto
Mais uma farsa
De peito aberto.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Criação

Quando me perguntam:
Crês na criação?
Respondo logo que sim.
E como poderia crer que não?

Com tantas indústrias,
fumaça que entope os pulmões,
jagunços corporativos
chicotes modernizados.
Maçãs pecaminosas,
cruzes virtuais.

O homem cria a fundo!
é espetacular o que fez
do mundo, sua imagem
e dessemelhança.
Trabalho mais criativo?
Impossível!

Pois é fácil, ver Deus,
todo dia às sete
tomando aquele café
corrido, torcendo,
pelo atraso do bonde
e pela chegada da regra.

Porque filho é só
parecença, e ninguém quer
igualdade.

Quer mesmo ser
criador da criatividade.
Toda a obra,
é apenas,
metade.

Mas o capital,
é quem sabe se pôr
e cria duas vezes
dez mil Deuses,
e não tem tempo
pro sol se opôr,
a não ser que seja:
no fundo da tela
de um computador.