quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Janela de frente


Levanto cedo e me sento
na varanda de frente
[para o crime?]
para o centro. –
Ainda quieto; acorda e se espreguiça.

Primeiros, pequenos passos
de sono interrompido –
despertador –

cortinas e janelas se abrem,
céu limpo, o vento é calmo
e agradável
café é preparado.

Ônibus urram. Definem e ditam os rumos da caminhada
e as primeiras motos já se destacam.
Seguidamente, loja após loja anuncia
o início da temporada diária de caça
com o som metálico-estridente de seu abrir de grades.
É tempo de pressa, meus caros,
é hora para os apressados; carros
já tumultuam trânsitos e buzinam.
Os primeiros estacionam e o trabalho começa;
não há mais para onde correr
à luz do dia tudo é voltado para a produção
de uma vida que não sabe aonde vai nem porquê.
É chibata no lombo de qualquer poeta ou beat;
é sufoco para o homem que aperta a gravata
e sorri a mulher que há de ser estuprada.
Tudo que visa à calma do mercado, prevê
sua servidão voluntária ao padrão de vida do patrão
que confia a você o trabalho de querer manter.
Eis a ordem,
Sorria!

É concreto que o concreto desperta;
E vejo tudo de muito perto, desperto.
Sinto. E os cheiros do pneu e asfalto me fizeram poeta.
Há todo um escárnio cá embaixo,
Abaixo do véu da fumaça, tem fogo e o pau-quebra.
Mas por enquanto é só o início,
Aproveite bem a aurora do começo do dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário