quinta-feira, 29 de março de 2012

Qualé direção?



Excelentíssimos senhores digníssimos,
queridos diretores da FAFICH –
expliquem-me direito, não compreendo
devo ter entendido errado
ou deve estar errado o caminho acadêmico.

Impressionantes são os rumos de sua política;
indago o sentido de sua definição,
óh excelência!
Os fatos demonstram e seus e-mails explicam –
“Ah de separar os homens e isolar estudo de sociedade!”, conclamam.
Ouço: “Ultra especializemo-nos (nem ao menos conversamos);
e retiremos da universidade os inaptos que atrapalham.”

Vejo que cartilha seguem e não me animo – buscam o ranking –
definido por Xangai ou qualquer outra corporação,
pergunto, direção:
É legítimo e louvável que a instituição do lucro
Seja a que defina os parâmetros da educação?
Digo que não!
E para o inferno a ladainha
de erudição separatista, autoritária, preconceituosa e elitista.

Foram seus longos estudos (parte no exterior)
que lhe fizeram concluir, imperador Alexandre,
que a enorme sociedade atrapalha o pensar da bolha universitária?
Qual base teórica o fez tão sábio
a ponto de reduzir o processo pedagógico
ao nível de professores/provedores ultra capazes
e estudantes acéfalos, passivos de repetição somente?
Em quais teóricos baseia seus atos
de negar o espaço e a construção democrática
dentro das humanidades de uma universidade?

Pergunto por querer manter distância do que habita em vossa cabeça.

É o ser humano quem pensa, senhor;
e seu conjunto faz política.
Lembre-se que é vastamente social a sociedade; e muito vária.
Inclui muitas Márcias.

É a universidade um local de saber
e ele deve ser construído inclusivo, inclusive.
Não fechem as portas, senhores diretores,
desçam do pedestal e ouçam.
Há sábias vozes nas ruas, nos corredores
em outras comunidades e favelas.
Há quem queira um humano-livre e mais ciente de sua transdisciplinaridade.
Há quem queira fazer sociologia com arte
e pôr política em verso.

Não se reprima diretor, que coisa feia!
Não instale guardas e delete centros acadêmicos.
Entenda que há mais formas de debate,
que espaço de aula também pode ser bosque e festa.
Tente se animar no batuque do café filosófico, oh mestre,
ou o senhor almeja um saber tão pré-moldado
que já venha com código de barras impresso?
Será o senhor, o criador
do “Selo Monsanto de Qualidade Acadêmica”?

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