quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Enquanto faltar água


vou beber o suco imundo da poesia,
gestada pelo amargo da enxurrada, na sarjeta.

Porquê enquanto houver falta fabricada
vou lamber os restos podres da mesquinha humanidade,
porquê toda dor me dói e sinto o mundo inteiro em cada rua.
Vou gritar para além do muro –
para doer em mais estômagos; no âmago!

Vou lembrar dos brilhos nos olhos
usurpados de toda garota que vai para rua ser esquecida.
Vou dizer da fala simples
arrancada da terra, para abaixo dela.
Vou assinar o recado que é dado
por todos os morros e favelas.

Vou comer o mundo inteiro à garfada –
o que vier eu traço.
Se passar mal, é comigo;
sou eu e o tal; é o mundo.

E pra a casa do caralho esse sistema;
essa moralzinha,
capitalista de merda,
e todo seu dinheiro acumulado.
E toda sua exploração premeditada.

Tenho ânsias e tonturas ao ver as paisagens sociais do mundo;
e um nojo imenso desse “Estado Democrático”
de direito para quem pode pagar,
feito para que poucos possam pagar e imposto à paulada de polícia.

Não vou manter a calma e contar até dez,
ou esperar 2030.
De qualquer vômito se faz poesia!

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