Do porque de não conseguir mover um dedo
Surge a pergunta, que é na verdade anterior:
Qual dedo deve ser movido?
Da vontade de escapar do corpo dolorido
Vibra a alma toda num temor
Com qual arma morre o corpo já falecido?
Com o tempo que passa numa intensa lentidão
Quebra-se o pensamento que não argumenta
Mas torna-se apenas um zumbido
Que faz doer as vontades não saciadas,
os ventos não sentidos, os frios não aquecidos.
Queima forte a gélida amizade
Constituída com o não, com o niilismo
Que vai fazendo a vida, cadinho por cadinho,
Entornar um ácido no céu da boca.
Para que, a língua ardente,
não faça mais nenhum sentido.
Se, porém, quer mover-se,
Não se mova pensando.
O mundo foi feito pra estar
E nunca pra ser estando.
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