terça-feira, 27 de abril de 2010

Arrudas

Silencioso, o rio ri.
Coberto pela massa de concreto
No mais profundo escuro.
Abaixo das ruas baixas da cidade –
Escarro, prostíbulos, ladrões... e papéis.

No escuro, o rio vê.
A massa de ignorados,
O amor dos ignorantes,
A mendicância no Boulevard:
“O bicho”, de Bandeira.

Irritado, o rio chora.
Pelo frio dos desabrigados,
Pela não-escola dos pivetes,
Com a embriaguês dos condenados
À vida de sofrimento.

Na escuridão, o rio sente.
As duras frias margens de cimento –
O enclausuramento (...)
(...) O domínio da pressa.

Sozinho, o rio nada teme –
Não há espaço para o medo
Diante a face da morte.

Um comentário:

  1. Ow vc sabe q desde o dia q vc escreveu essa poesia fiquei fã dela!
    Muito boa mesmo!

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