quarta-feira, 16 de março de 2011

Uma orgia sonora invade meus ouvidos.
Sirenes, palavras, carros rugindo
uma irônica paródia musical orientalista...

Todos os sons invadem a minha mente,
e essas vozes não tem nome,
esses carros não são reais,
esses ônibus, não sei para onde vão.

Embalagem aberta
por alguém ao meu lado.
Pessoa sem rosto, sem cor,
somente o barulho leve
de uma embalagem sendo amassada.

Motos, motos,
enxame sonoro.
Alto, agudo,
perigoso.

Os barulhos da cidade me invadem,
me tomam, preenchem, consomem.
Crianças em um balanço no parque,
propaganda política,
tiros, batidas de carro,
beijos, uma televisão ligada,
o leve som de um abraço.

Todos os sons da cidade,
todos esses sou eu.
Mas eu não sou dono da minha cidade,
não consigo vê-la.
Há muito não vejo nada.
Há muito
não vejo nada.

Um comentário:

  1. Gostei muito mesmo!
    Principalmente no final quando você separou "Há tempo" - "não vejo nada".

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