quarta-feira, 20 de outubro de 2010

De médico, um pouco

Só venho aqui hoje dizer-me
a fim de resolver mal entendidos.
É que sinto que julgam-me
pela pouca, paca aparência.

Julgam que vivo em paz;
não sabem das voltas que já rodei.
Para tudo o que vi e descordei
carrego uma bolsa de pedras
previamente polidas e miradas.
Reservo-me o dever de esperar calado
para na calada acertar o ponto nevrálgico.
Sem risco de ser descoberto,
já que em permanente guerra.

Ainda, contudo
xingam-me desordeiro.
Mas se olharem a situação de dono e empregado,
faço muito bem o propôr do desacato.
Ou é dever de alguém aceitar se explorado?

Dizem-me aéreo, lento;
não compreendem: onde estou não há tempo
a desperdiçar em jogos pequenos.
Não me ligo em representar máscaras
de poder e status - ilusões e engano premeditado.
cobra-me forte no peito ser, eu mesmo, sincero.

Quando se sabem que nada de mim sabem,
classificam-me, sem dó, louco.
Mas quanto a isso defendo-me pouco;
de viver em contradições e não entendê-las,
digo-me normal até sóbrio.
Porém, quando frente a isto
resolve-se a escrever poesia; só doido!
Posto que só poetas
têm coragem para ser loucos.

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