sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Um tal manifesto


Por um amor clichê e ardente!,
um sempre animado; que só agregue.
Pelo amor escancarado – da porta para a rua.

Um amor extrovertido e calmo
sem abuso, sem roubo
e sem mágoa.

Aquele amor sincero e limpo.
Amor de companhia; envolvente e sem armas.
Amor,
que não iluda.

O tal
            que é de todos,
            que é para todos, plenamente
Amor que sorri em amizade.

Amor que sente e fundi e mistura e sente
                                                                       de novo.
Amor com compaixão.
                                   De novo.
A môrquinclua.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Regionomundialista


Senta
afina o rádio – solta pipa.
                                        Mastiga
                                        o tanto mundo
                                                     o tal do mundo,
                                                                   o operário.

Escuta,
mira e executa.
Acusa,
a tal da cura, a dita cura, a cuja:
A disciplina!                   (2x)
Para patrão e delegado.

Espanta,
              que tanta gente tá calada!
Não fala
(deve de tar silenciada)
"Deve de tar atrás de cargo de empreiteira!
 Deve manter a boca fechada!”

Não esqueça,
                     trabalhe.
Mas deve ser para seu sonho;
se quer saber, (...)
                              Saia de lá da propraganda,
                                                  entenda a trama
                                                  e também trame
                                                  se informe,
   saiba do mundo e se posicione.


Vou andar por aí
e conhecer as esquinas do mundo.
Vou estar por aí
e dividir as mazelas com o mundo.
Vou cantar por aí
meu manifesto pelas esquinas do mundo.         

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Escrevo


Insisto em versos, são o que tenho
e não tenho medo se repetitivo.
Não escondo minha vontade
quero o humano submerso em arte
e digo direto, sem máscara ou firula.
Tenho um coração imenso
- que não sendo oco –
sinto muito.
É dele que preciso dar conta.

Para além dos detalhes é tudo enfadonho
e não quero desperdiçar meu tempo.
Me interessa saber dos retalhos da observação
que só atentam aos olhos mais treinados e atentos.

* Dois pássaros ao longe, um cinza outro preto,
   que se dispersam na paisagem de uma cidade.
* Maritacas conversam em canto
   logo acima da obra de um prédio.
* Das bougainvilleas, de beleza escancarada
   impossível não serem notadas.
   Poucos ligam nome à pessoa.

E perdem-se os olhares
em um tão vasto mundo de produção.
Obrigados, todos nós!
E sorriem coronéis, comandam patrões.
Obrigado...
Obrigado...
Obrigados!

Mas insisto em verso, não esqueço minha vontade.
Submerjo em arte e digo sem firula:
“Tenho um coração imenso,
que não sendo oco - sinto muito -
é dele que preciso dar conta.”

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Futuro?

Meu desabafo é curto, derivado de afasia.
O tempo não pára mas seus habitantes não se desenvolvem,
estações e sombras se movem, como na tela passada às pressas, por um impaciente zapeador de destinos,
tráfego severino - retirantes da minha própria mente,
fugindo do pesar de não zarpar, parar, pensar, realizar.

A batida é a deitada no travesseiro,
um meneio, minuetos de tercetos,
daqueles que só paleta velha consegue tirar...
Reverbera e estala, consagra e respira
a cada gole,
galões de prata que descem garganta adentro,
pois ouro, ah o ouro...
Desse mesmo só ouvi falar...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Último suspiro


Era manhã no inverno em que nasci
e a beleza do céu azul e limpo
fez parte de mim desde que vi.
A partir do frio percebi que desejo
é de afago e afeto;
que amor é cobertor envolvente
coberto por aflições do mundo exterior.

Segui o impulso e busquei o que faltou.
Sob o sol, ardi.
Em febre de juvenil quis amar a todo custo.
Sem método, sem alvo,
sem saber o que é rima.

No encalço do escuro abaixo da lua
segui rastros e traços,
vasculhei sombras e sobras.
De amor na lixeira,
alimentei-me, sendo nada; sendo podre.
Como bicho, como trapo,
como ser desconhecido.

Sem êxito, agora, no fim do dia
recolho-me ao lar e aninho o leito
em que deito a espera,
sem ânsia.

Não me iludo antes do último suspiro,
da morte do dia perdido.
Sei quem sou: o que fui;
Sei quem és: a que foste.
Só,
Ausência!