quinta-feira, 14 de abril de 2011

Confesso

Queria mesmo – meu sonho seria –
catar todo o mundo a partir de seus restos,
de seus rastros sobre o que se segue.

E representá-lo imundo em música;
glorificá-lo irônico em prosa;
matá-lo em drama!
morrê-lo em silêncio...
vivê-lo em vida,
senti-lo em absoluto.

Mas confesso culpa,
peço desculpe,
sou apenas poeta.
E meio moribundo,
em nada fazendo –
me ocupo:
De traçar verbo
pra tratar de mundo.
Em linhas de amálgama,
do sentimento à poesia,
sigo em forma de escárnio
em difuso elemento uno,
rumo-pró descentrar idéia,
Conhecimento: em cada esquina estudo.

In formação livre,
em forma livre,
de  ação livre,
De forma livre ,
Poluo!

domingo, 10 de abril de 2011


Ruas!
Imundas e esplendorosas
de variedades todas geografias,
várias interpretações
a compor vasta teia.
De existência!
Em olhar – entretantos –
Sociológica.
(a tal ponto, rica análise,
de ver em todas, cada única
imundice esplendorosa).

Às frentes das casas
seguem rumos que refletem -
Dia e noite -
organização do caótico!
Expressam a vida de um
ser em realidade,
humano.

            ***

De pensar na vida que corre
E olhar para cima de orelha baixa,
Trata quem,
O intelecto:
            “um ser que vive
            pensa o que faz, e exerce
direito de discordância.
            O que reflete em sua ação
            em coerência de virtude
            diária.”

Da expressão,
linguagem trata!
Em confusão de saber o que é arte,
se pintura é tinta,
ou poesia, grafita?
Se filosófica e/ou poesia.
Julgamento não cabe.
Não há crime!

Segundo motivo justo,
sigo,
      porpouco,
                    a poetar incompreensibilidade.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O parasita não exita.

Para e cita suas bobagens.

Bobo ou não, tem coragem

E êxito.

Como age,

Ganha suas insígnias de bravura.

Para qualquer bravo à altura,

Insignificantes.

Mas não para o parasita,

Que insiste em agir.

Contenta-se com a imagem.

Quem a faz?

Qualquer um com menos coragem.

Imaginam ser importante a altura do som,

Que atordoa.

Não importa quem engole a lavagem,

Ou a quem doa.

O parasita continuará abraçado à sua coroa

quarta-feira, 16 de março de 2011

Uma orgia sonora invade meus ouvidos.
Sirenes, palavras, carros rugindo
uma irônica paródia musical orientalista...

Todos os sons invadem a minha mente,
e essas vozes não tem nome,
esses carros não são reais,
esses ônibus, não sei para onde vão.

Embalagem aberta
por alguém ao meu lado.
Pessoa sem rosto, sem cor,
somente o barulho leve
de uma embalagem sendo amassada.

Motos, motos,
enxame sonoro.
Alto, agudo,
perigoso.

Os barulhos da cidade me invadem,
me tomam, preenchem, consomem.
Crianças em um balanço no parque,
propaganda política,
tiros, batidas de carro,
beijos, uma televisão ligada,
o leve som de um abraço.

Todos os sons da cidade,
todos esses sou eu.
Mas eu não sou dono da minha cidade,
não consigo vê-la.
Há muito não vejo nada.
Há muito
não vejo nada.

sexta-feira, 4 de março de 2011

do saber do velho

Em um dos dias
de andança pela vida
em indas e vindas
de vidas em indas,
conheci um velho.

De andar um pouco encurvado
olhos espertos, indagativo
das incertezas da certeza
de quem caminha
e muito já caminhou.
Um velho
já careca, ainda grisalho.

Este velho amou, casou
desquitou, retentou
filhos e filhas, criou.
Viuovou.
Sempre, muito trabalhou
de dia-a-dia em obrigação
da roça de casa simples de sapê.

Era um velho.
Que pouco falava, só na hora;
Que vivia em casa de pouca mobília;
Que nas estradas muita gente via;
Que depois das obrigações
do trabalho e da TV de todo dia,
depois de beijar a mulher e ninar os filhos,
se sentava à mesa pequenina
debaixo da luz da sala/cozinha
via estrelas e pensava,
refletia a vida.

Eu queria saber,
do velho,
do saber do velho,
sobre a vida.