segunda-feira, 4 de abril de 2011

O parasita não exita.

Para e cita suas bobagens.

Bobo ou não, tem coragem

E êxito.

Como age,

Ganha suas insígnias de bravura.

Para qualquer bravo à altura,

Insignificantes.

Mas não para o parasita,

Que insiste em agir.

Contenta-se com a imagem.

Quem a faz?

Qualquer um com menos coragem.

Imaginam ser importante a altura do som,

Que atordoa.

Não importa quem engole a lavagem,

Ou a quem doa.

O parasita continuará abraçado à sua coroa

quarta-feira, 16 de março de 2011

Uma orgia sonora invade meus ouvidos.
Sirenes, palavras, carros rugindo
uma irônica paródia musical orientalista...

Todos os sons invadem a minha mente,
e essas vozes não tem nome,
esses carros não são reais,
esses ônibus, não sei para onde vão.

Embalagem aberta
por alguém ao meu lado.
Pessoa sem rosto, sem cor,
somente o barulho leve
de uma embalagem sendo amassada.

Motos, motos,
enxame sonoro.
Alto, agudo,
perigoso.

Os barulhos da cidade me invadem,
me tomam, preenchem, consomem.
Crianças em um balanço no parque,
propaganda política,
tiros, batidas de carro,
beijos, uma televisão ligada,
o leve som de um abraço.

Todos os sons da cidade,
todos esses sou eu.
Mas eu não sou dono da minha cidade,
não consigo vê-la.
Há muito não vejo nada.
Há muito
não vejo nada.

sexta-feira, 4 de março de 2011

do saber do velho

Em um dos dias
de andança pela vida
em indas e vindas
de vidas em indas,
conheci um velho.

De andar um pouco encurvado
olhos espertos, indagativo
das incertezas da certeza
de quem caminha
e muito já caminhou.
Um velho
já careca, ainda grisalho.

Este velho amou, casou
desquitou, retentou
filhos e filhas, criou.
Viuovou.
Sempre, muito trabalhou
de dia-a-dia em obrigação
da roça de casa simples de sapê.

Era um velho.
Que pouco falava, só na hora;
Que vivia em casa de pouca mobília;
Que nas estradas muita gente via;
Que depois das obrigações
do trabalho e da TV de todo dia,
depois de beijar a mulher e ninar os filhos,
se sentava à mesa pequenina
debaixo da luz da sala/cozinha
via estrelas e pensava,
refletia a vida.

Eu queria saber,
do velho,
do saber do velho,
sobre a vida.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Agonia

Este verso que salta da garganta
e escorre em mágoas pela tinta da caneta,
é a história corrente, chorada
vista nas enxurradas dos becos
e bocas sofridas,
desesperada.

É o mesmo
do órfão que chora
num canto esquecido da cama
do abrigo que não completa o sonho
nem livra a carne
da memória do abandono.

É a mulher que não sabe
ser senão traída.
E ama solitária a sumir na cabeceira
e enxugar no lençol
a lágrima desmerecida.

É aquele,
o sapo engolido
por quem não concorda mas tem chefe.

É a voz que quer gritar,
mas cala.
É a vez que já não importa.
É o trem
que já não vai pegar.

Para senti-la, é preciso,
sentir que não vale a pena
e desistir.
É a vida que já não deseja.

Para escrevê-la é preciso um ato
de desespero máximo, último.
Ir às ruas em horário de pico
sem explicar um tiro;
suicídio.

Para dizê-lo:
Esta vida já está morta!
Morrer dela é tentar sobrevida.

São todos os sentimentos
em retalho único que gira em tormenta.
Do qual nada se entende,
mas tudo assenta.

Meu ardor

Desculpe se insisto em versos
com intuitos secretos
e lágrimas nas mãos.

Se me derreto e pingo
sem um pingo de vergonha
é Para dizer-lhe:
“-Não concebo viver sem paixão!”
E mesmo louco ou mentiroso
prefiro o ar e a dor
pulsantes
no peito.

Por que se para viver ditado
é que se torne silente um coração,
revolto-me em choro
e lacrimejo a dor do abafo.

Então, se me atiro em poço
sem pensar aonde é o fundo;
se entrego tudo e me estrepo
vou à lona, bebo a lama no chão;
se não tenho carreira
ou futuro promissor,
É argumento
Mais valer o que sinto
sem razão.

Em meu tempo
de presente,
busco o coração.

Em espera a poesia ronca em súplica
alguém que espante a solidão,
alguém que viva por paixão!