Não entendo o que se passa
Mas, no entanto não deixa de passar
Talvez seja apenas uma farsa
Que insiste em figurar
Mesmo assim ouso falar
Ouso contar o que sinto
Ouso gritar minha doença
Que não sara
Que não é rara
Que me faz torpe
Em vão poucos escreveram longos discursos para posteridade
E sem notar a si, todos acataram e cantaram as palavras vazias
O que era sensível,
O que era idéia,
O que era apenas palavratório
Fixou-se no espaço e nos concentrou o tempo
Paramos de pensar de fato
Passamos a correr pela mente caduca e humana
Pesados, cheios do fardo meditativo
Não basta mais viver é preciso mais!
É necessário o constructo imperativo que nos regula
É preciso deixar a matéria de lado e se chafurdar na lama intelectiva
Enquanto os santos nos ditam a imoralidade dos costumes
E os ascetas isolam-se em um mundo metafísico e impalpável
De tamanha consciência hiperbólica
E os brilhantes oradores do Ser rezam-se
O vegetativo senso comum é que possui mais bom senso:
Utilizar, desgastar o fruto de nossas próprias quimeras até o máximo
Até o fim, até o píncaro!
Quando não pudermos mais... Cairemos fartos e amargurados de nos mesmos
Cantaremos os salmos da boa nova
E nos sentiremos plenos de consumação
Saberemo-nos doentes de almas santas
De corpo são e purificado
Saberemo-nos doentes, meditativos e intactiveis
Saberemo-nos doentes , lotados de gozos e fartos de desejos
Saberemo-nos doentes
Por fim, faremos Filosofia.
Por sermos doentes de corpo e alma
Com a alma pura e o corpo são
Por sentirmo-nos mais doentes do que somos de fato.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Dei ao teu corpo uma nova qualidade,
Fiz dele uma memória alva
e como se me escapassem as coisas
vivo nele como numa cidade.
Percorro em teu seio, um palavrório,
que de uma saliva imaginada
tornas a minha língua, quente e faminta,
nas tuas costelas, gesto mais simbólico.
De tua meninice percebi uma sina:
Não há nada em teu ventre que me permita enganar-me
Não há nada em teu sexo que impeça que eu minta.
Nunca em teus cabelos negros
haverá tanta profundidade
nem mesmo diante da desfaçatez
de um poeta que te cativa,
apenas porque dele, já se esvai a mocidade.
Fiz dele uma memória alva
e como se me escapassem as coisas
vivo nele como numa cidade.
Percorro em teu seio, um palavrório,
que de uma saliva imaginada
tornas a minha língua, quente e faminta,
nas tuas costelas, gesto mais simbólico.
De tua meninice percebi uma sina:
Não há nada em teu ventre que me permita enganar-me
Não há nada em teu sexo que impeça que eu minta.
Nunca em teus cabelos negros
haverá tanta profundidade
nem mesmo diante da desfaçatez
de um poeta que te cativa,
apenas porque dele, já se esvai a mocidade.
Dormi e acordei
assustei-me mas não cedi
ao sonho que me aconteceu
quando pensei e não dormi.
Comi mas não sentei
à mesa em que já senti
que fiz parte de alguém
algum lugar ou aqui.
Sofri mas não amei
porque já não quis sair
da treva em que depositei
o meu novo jeito de sorrir.
E como agora já não sei,
o que há de ser pra mim...
José! me ajude a dizer:
"Só sei que não vou por aí!"
assustei-me mas não cedi
ao sonho que me aconteceu
quando pensei e não dormi.
Comi mas não sentei
à mesa em que já senti
que fiz parte de alguém
algum lugar ou aqui.
Sofri mas não amei
porque já não quis sair
da treva em que depositei
o meu novo jeito de sorrir.
E como agora já não sei,
o que há de ser pra mim...
José! me ajude a dizer:
"Só sei que não vou por aí!"
domingo, 4 de julho de 2010
Ser feito de concreto
De manhã cedo
ando pela cidade
como quem carrega um soro.
Pesado fado de quem está vivo.
Primeiros raios de sol
e não vejo o belo,
enxergo, sim, o opaco,
poluído horizonte do destino
de viver no concreto,
que trago no pulmão encardido.
Corre em meu sangue apenas fumaça.
Vivo como quem morre,
mas esquece ou não sabe.
E vaga maldizendo a sorte
de quem não encontra
verdadeira, certeira morte.
Sofro ao olhar para o lado
e reconhecer a doença
que mata por parasitose.
Vivendo em seu leito de morte,
faltando-me o ar da arte,
maldigo-a, oh! oportunista cidade.
ando pela cidade
como quem carrega um soro.
Pesado fado de quem está vivo.
Primeiros raios de sol
e não vejo o belo,
enxergo, sim, o opaco,
poluído horizonte do destino
de viver no concreto,
que trago no pulmão encardido.
Corre em meu sangue apenas fumaça.
Vivo como quem morre,
mas esquece ou não sabe.
E vaga maldizendo a sorte
de quem não encontra
verdadeira, certeira morte.
Sofro ao olhar para o lado
e reconhecer a doença
que mata por parasitose.
Vivendo em seu leito de morte,
faltando-me o ar da arte,
maldigo-a, oh! oportunista cidade.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Eu vi todos os medos
Longe, vindo a passos lentos
Sabendo que encontrariam em meu peito
A exatidão dos seus segredos
Bem de perto, o desespero,
Inequívoco pavor, um sem jeito.
Esquecer-me, já não posso... Caminharei
Rarefeito. Sob solas silenciosas
Lanças mil, tantos feitos
Indesfrutados por aquele, cujo sangue
Nauseabundo, desgraçado.
Ganhou o mundo, no meu leito.
Pesaroso, continuo, a viver desse modo.
Lânguidez irresolúvel, voluptuosamente morto.
Ancorado em tanto cais com os meus barcos falsos,
Sábio de sarjeta, aristocrata de nada.
Comendo nos meus vícios a vida debelada
Animal insáciavel, de uma sorte já traçada.
King without a kingdom, priest without faith.
Longe, vindo a passos lentos
Sabendo que encontrariam em meu peito
A exatidão dos seus segredos
Bem de perto, o desespero,
Inequívoco pavor, um sem jeito.
Esquecer-me, já não posso... Caminharei
Rarefeito. Sob solas silenciosas
Lanças mil, tantos feitos
Indesfrutados por aquele, cujo sangue
Nauseabundo, desgraçado.
Ganhou o mundo, no meu leito.
Pesaroso, continuo, a viver desse modo.
Lânguidez irresolúvel, voluptuosamente morto.
Ancorado em tanto cais com os meus barcos falsos,
Sábio de sarjeta, aristocrata de nada.
Comendo nos meus vícios a vida debelada
Animal insáciavel, de uma sorte já traçada.
King without a kingdom, priest without faith.
Assinar:
Comentários (Atom)